Este Blog foi um programa de rádio The Steadfast Tin Soldier: março 2007

sexta-feira, março 30, 2007

 

As missas em latim e a irrealidade da perfeição

No passado dia 20 de Março, foi noticiada a intenção do actual Papa Bento XVI de celebrar as missas em latim. Inicialmente, não soube bem o que pensar da dita notícia, até porque não me dizia directamente respeito, dado que não professo qualquer religião. Contudo, nunca fui pessoa de ficar indiferente às novas do Mundo, por muito distantes que estivessem e, automática e espontaneamente, comecei a meditar sobre o tema.
Por não professar nenhuma religião, assumindo desde já a minha ingnorância indesculpável em relação às suas regras, ou melhor, aos seus canones, o meu comentário basear-se-á no senso comum ou, se preferirem, no meu senso individual. Quaisquer explicações / argumentos válidos serão aceites com agrado.
O facto de não conhecer as regras internas de quem já dominou o Mundo, ou grande parte dele, faz com que automaticamente não o conheça. À época da fundação da nacionalidade, era a Igreja Católica quem reconhecia os Estados/Países enquanto tais e era absolutamente necessária a pacificação das relações entre monarcas e Sumo Pontífice para que um determinado EStado fosse reconhecido. Actualmente, um Estado é reconhecido perante a comunidade internacional pela Organização das Nações Unidas. Qualquer Estado que nela se integre é reconhecido enquanto tal pelo mundo civilizado. Não me considero uma adepta da tese do domínio do Mundo pela Igreja lato sensu, até porque se trata de um Estado observador no domínio da Organização das Nações Unidas, não tendo um papel fulcral (com todo o respeito pela sua importância na vida de muita gente) nas decisões que por lá se tomam. A verdade é que, por todo o Mundo, pessoas de todas as idades encontram algum tipo de resposta na Fé católica, de uma forma pessoal, intransmissível e digna de respeito. E é exactamente por isto que esta ideia do Papa Bento XVI, académico de vocação, diria eu, me causa algumas interrogações.
Defendo um culto em que as pessoas encontrem respostas espirituais, que lhes preencha o ser, que as eleve a um plano de superioridade (ou de mero alívio) espiritual. Para que isso aconteça aquilo que é dito nas missas há-de ter de fazer algum sentido. E, ao que sei, a maioria dos crentes não entende latim (e, muitas vezes, nem português falam, mas isso é outra história). Estará a Igreja Católica disponível para ensinar gratuitamente aos crentes essa grande língua (morta) clássica? Seria um retrocesso histórico, já que se regressaria ao tempo em que assim o era e em que os crentes viviam no mais puro obscurantismo daquilo que era ministrado nas missas. É certo que estamos a anos-luz da instrução medieval, já que actualmente a escolaridade se encontra democratizada, mas o latim não fará parte da vida da maioria dos crentes. Será legítimo ao Papa Bento XVI, com as suas intenções de rigor no culto tal como ele (entende que) deve ser, com idealizações absolutamente irreais, retirar a via de compreensão de palavras que, para tantos, são sagradas? Será correcto ministrar um culto católico ideal numa sociedade crentes que não corresponde (por várias razões da vida moderna) ao ideal de crente? Há que aprender com a História...aplicar modelos ideias em sociedades, por natureza, corruptas e corrompidas não funciona.
Uma nota para terminar, em jeito de moção de censura:
Há por aí uma tendencial categoria de católicos não praticantes que também me causa algumas interrogações. O catolicismo, para além de uma Fé, é toda uma organização hierárquica, com determinados cultos e mensagens para observação dos crentes. Com todo o respeito, a meu ver, quem se diz católico e não pratica o que diz ser, é um mero cristão. Há a desculpa da intimidade de culto...mas o culto católico é comum, na "Casa de Deus", é a prática dos Sacramentos, etc...Digo isto porque já vi muita gente que, por acreditar em Deus (apenas e só) se diz católica e não vai à missa porque acha uma seca...

segunda-feira, março 26, 2007

 

Quem manda? Salazar, Salazar, Salazar!

Neste momento não me passa outra ideia pela cabeça senão a de que todas as pessoas que votaram em Salazar para "o maior português de sempre" deviam ter uma cadeira como a dele.
Neste momento enojo-me de ser português. Ou, melhor dizendo, enojo-me de ter a mesma nacionalidade que todos os fascizóides que votaram em Salazar. Mas rendamo-nos às evidências: Salazar ganhou com 41%, com uma diferença de 22% do segundo classificado, Álvaro Cunhal, em quem eu votei. Isto só pode significar que o nosso país se está a "endireitar" - e não é no bom sentido...
Amanhã conto entrar na aula de Álgebra Linear e ver um crucifixo na parede, um retrato de Salazar e outro do Cavaco Silva e ter de cantar o hino nacional de pé e mão estendida. Por via das dúvidas, para o caso de ainda não terem começado a distribuir os uniformes oficiais da nova Mocidade Portuguesa, levo já uns calçõezinhos castanhos e uma camisa verde... Só temporariamente, até chegarem as fatiotas novas...
E amanhã vou entrar no comboio e no metro e entrar na onda de exaltações fascistas e gritos nacionalistas:
- Quem vive?
- Portugal, Portugal, Portugal!
- Quem manda?
- Salazar, Salazar, Salazar!
[ou será que "Salazar, Salazar, Salazar!" é a resposta a ambas as perguntas?]
Ora bem, saudações fascistas a todos e votos de boas e valentes quedas da cadeira com hematomas cerebrais a todos os que votaram no filho da puta mais filho da puta da história deste nosso glorioso Império d'aquém e d'além-mar.
Até amanhã, se Deus quiser.

sexta-feira, março 23, 2007

 

9º grau de Piano

Por ordem da sra. ministra que tem cara de perceber de muita coisa mas não de ensino, parece que o ensino vocacional da música vai ser reformulado. Entre outras mudanças, o curso secundário passará a possuir um grau suplementar. Em primeira mão, apresento-vos o programa para o 9º grau de Piano:


sábado, março 17, 2007

 

Três músicas

Não desejo fazer disto um hábito, mas sinto a necessidade de colocar três músicas em simultâneo na barra lateral. Este post serve apenas para explicar que isso não acontecerá muitas vezes - apenas quando fôr necessário...
... E serve também para deixar as letras das músicas =)

Problema de expressão - Clã

Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.

Devia ser como no cinema,
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém.

O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.

Só pra dizer que te Amo
Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo.

E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.

O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.

E é tão difícil dizer amor,
É bem melhor dizê-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto.

Eu não sei dizer - Silence 4

O silêncio deixa-me ileso, e que importância tem?
Se assim tu vês em mim alguém melhor que alguém.
Sei que minto pois o que sinto nao é diferente de ti.
Não cedo. Este segredo é frágil e é meu.
Eu não sei tanto sobre tanta coisa
que às vezes tenho medo
de dizer aquelas coisas que fazem chorar.
Quem te disse coisas tristes não era igual a mim.
Sim, eu sei que choro, mas eu posso querer diferente para ti.
Eu não sei tanto sobre tanta coisa
que às vezes tenho medo
de dizer aquelas coisas que fazem chorar.
E não me perguntes nada.
Eu não sei dizer.

I need you - America

We used to laugh, we used to cry
We used to bow our heads then, wonder why
And now you're gone, I guess I'll carry on
And make the best of what you've left to me
Left to me, left to me

I need you like the flower needs the rain
You know I need you, guess I'll start it all again
You know I need you like the winter needs the spring
You know I need you, I need you

And every day, I'd laugh the hours away
Just knowing you were thinking of me
And then it came that I was put to blame
For every story told about me
About me, about me

I need you like the flower needs the rain
You know I need you, guess I'll start it all again
You know I need you, I need you
I need you like the winter needs the spring
You know I need you, guess I'll start it all again
You know I need you, I need you

I need you like the flower needs the rain
You know I need you, guess I'll start it all again
You know I need you, I need you
I need you like the winter needs the spring
You know I need you, guess I'll start it all again
You know I need you, I need you ...

quinta-feira, março 15, 2007

 

Tom and Jerry - The Cat Concerto (1946)


sábado, março 10, 2007

 

"I'm a Barbie girl"

Não, não é o mais recente título de Margarida Rebelo Pinto (essa produtora massiva de literatura de latrina), nem sequer é um ímpeto saudosista de revisitar esse hit dos anos 90...a intenção é mesmo falar da Barbie. A Barbie povoou, ou melhor, colonizou a minha infância e a de muitas crianças. A Barbie permitia fazer muitas coisas, mais ou menos ortodoxas, dependendo da imaginação das crianças...representava a possibilidade de criar, construir, recriar e reinventar sonhos e aspirações.

Porém, nem tudo é cor-de-rosa, como a própria Mattel poderá querer fazer crer (jogo fonético engraçado)...Uma coisa é certa: a Barbie tem tudo e reinventa-se a si própria constantemente, consoante as modas e a concorrência (Sindy, Bratz e afins). Em última análise, a Barbie representa o sonho americano e, mais do que isso, o sonho humano: a Barbie é saudável, bonita (para quem assim o entenda), é inteligente (sim, porque ela é veterinária, médica, professora, etc.), é dona de uma fortuna fabulosa, é popular, tem amigos (verdadeiros, claro, se não deixaria de ter piada) e tem um namorado com a capacidade monumental de fazer a barba. A Barbie é eternamente jovem (talvez seja ela a verdadeira alquimista), mito que a humanidade persegue desde antes de existir História.

A Barbie foi ao encontro de um conjunto de ideais que crianças e adultos, uns mais secretamente que outros, desejam. Mas até que ponto será justo ou útil ou pedagógico introduzir na formação criativa das crianças um modelo (porque o é) de perfeição, de capacidades físicas e intelectuais que, em simultâneo, são pura e simplesmente falaciosas, e pior, inexistentes? Será possível avaliar a intensidade com que o modelo permanecerá no subconsciente das crianças, ideal que se projectará no seu futuro e muito para além da Barbie em si mesma? Num mundo cada vez mais competitivo em que as qualidades e apetências exigidas são cada vez mais rígidas, mundo esse que nos acorda diariamente para o facto de não sermos Barbies, de não sermos invejáveis modelos de perfeição ou fontes de juventude e felicidade eternas...Talvez seja por nem todos os dias encontrarem no melhor de si um lastro de perfeição, que muitos de nós fazem peregrinações à farmácia mais próxima e deixam a frustração e Prozac reinar...Não quero ser alarmista, mas a aflição da ausência de perfeição já fez correr muita lágrima. E não estou a atribuir a culpa exclusivamente à Mattel ou à Barbie...atrevo-me é a interrogar a dimensão que a sua presença na formação da criatividade infantil adquire na adultez das crianças que com elas brincaram.

A Barbie está sempre a sorrir, mesmo nos piores momentos (é uma senhora e jamais perde a compostura)...Rugas? Nem vê-las! Mesmo a Barbie veterinária só cuida de cães e gatos....ainda não se viu nenhuma Barbie fazer um parto a uma vaca...enfim, ossos do ofício da perfeição de uma vida inexistente. I'm a Barbie girl.

 

Serenata...

Amigos visitantes deste blog, tenho a informar (e pressinto que alguém irá corar bastante com isto...) que a Tatiana faz hoje 20 anos!

PARABÉNS!!!

A minha ideia, a minha sugestão... O meu pedido! é que cada pessoa que passe por aqui e leia este post, quer tenha já comentado ou não neste blog, quer seja visitante habitual ou esteja apenas de passagem, deixe um comment, nem que seja simplesmente para dizer "Parabéns!", e criar uma espécie de serenata bloguística, para uma blogger e amiga que o merece! ;-)
Se não se importarem, eu dou a entrada:
Parabéns!!!!!!! =)))

quarta-feira, março 07, 2007

 

Perfumes

Há perfumes e perfumes... Há perfumes bons, há perfumes que nem por isso. Exemplos de perfumes bons são o Rive Gauche, o Hipnôse, um da Lacoste de que não me lembro agora o nome... Um exemplo de perfume mau é o da minha vizinha do 4º andar, que todos os dias toma banho no dito e inunda o elevador com aquele pivete que se entranha no tapete (mais ainda do que o cheiro do cão do 3º dto...) e com o qual tenho de levar todos os dias de manhã quando saio de casa. É um perfume mesmo mau.
No entanto, o cheiro não me é estranho: a minha avó costuma comprar a mesma coisa nos chineses, mas usa-o para aquilo para que foi concebido: matar mosquitos...

sábado, março 03, 2007

 

Preciosidade perdida

Hoje é um dia feliz. Encontrei algo que há muito julgava perdido. Um manuscrito do Fernando Lopes-Graça.
Há muito, muito tempo, quando as pessoas em Portugal não tinham liberdade para dizer o que pensavam, houve alguns que resistiram contra o regime fascista então instalado e que ousaram dizer o que pensavam. Uma dessas pessoas foi Fernando Lopes-Graça, músico, um dos maiores compositores que Portugal já viu nascer. Foi preso pela PIDE por manifestar opiniões contra aquelas defendidas pelo regime, usando a música para reflectir os seus ideais de liberdade e de oposição ao Estado Novo. Outra dessas pessoas foi António Nunes, na altura taxista, o meu avô paterno. Foi preso porque, um dia, dois cavalos da GNR se atravessaram na estrada e ele gritou "Oh seus filhos da puta, tirem as bestas do caminho!". E foi preso. Durante o tempo em que esteve na prisão, o meu avô conheceu o Fernando Lopes-Graça, que lhe escreveu um "Livro de Escalas e Tons de Viola". Esse livro, escrito pelo próprio punho do compositor, passou para o meu pai e, agora, para mim.
Cutting the crap, indo directo ao assunto que possivelmente vos interessará mais, fica aqui a digitalização do livro que me parece, no entanto, não ter sido acabado. Não se fica na prisão para sempre, não é...? Hmmm...














quinta-feira, março 01, 2007

 

La trahison des images, René Magritte


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Nota para a senhora sessentona residente no Fogueteiro que enviou um mail com fotografias em Julho passado: eu não sou grande adepto de cera derretida sobre os mamilos...