Este Blog foi um programa de rádio The Steadfast Tin Soldier: Eh pá, dá lá aí lama...

domingo, setembro 16, 2007

 

Eh pá, dá lá aí lama...

É extremamente aprazível viver neste país... NOT! E a razão para dizer isto é porque, muito sinceramente, tenho vergonha dos senhores lá de cima, aqueles que se recusaram a receber o Dalai Lama. O Big Boss disse, em jeito de desculpa, que tem um grande apreço pelo líder espiritual que é o Dalai Lama, mas que não entrou nenhum pedido de audiência na Presidência da República. É verdade, o Sr. Lama não tinha nenhum encontro oficial agendado com o Sr. Silva, mas podia dar-se um jeitinho...
Enquanto o Presidente Silva teve um bom jogo de cintura, já o ministro Luís Amado não foi tão hábil com as palavras (como começa a ser hábito com os ministros deste governo) e disse que o Dalai Lama não seria recebido pelo governo "pelas razões que são conhecidas". Referia-se, obviamente, ao facto de Portugal manter desde 1979 relações diplomáticas e comerciais com a República Popular da China, país que anexou o Tibete em 1959, província esta da qual o Dalai Lama é o líder espiritual. O Dalai Lama tem lutado pela independência do Tibete de uma forma pacífica e promovido o valor humano e a harmonia religiosa, tendo por isso ganho o Prémio Nobel da Paz em 1989.
Assim, o Dalai Lama encontrou-se apenas com os deputados e com o Presidente da AR, Jaime Gama, que, ao contrário dos seus amigos ministros, desta vez portou-se bem e não disse coisas que não devia - refiro-me ao episódio no Museu Maçónico, em 2005, quando Jaime Gama pôs o então Grão-Mestre do GOL numa posição delicada ao revelar que este lhe tinha confidenciado que era o primeiro Presidente da AR socialista não-maçon. Perdeu uma boa oportunidade para estar calado...
Agora... Vergonha, vergonha... Vergonha é o PR recusar-se a receber o líder espiritual budista mas ter a lata de, depois, vir falar sobre o Scolari. Mandar bitaites sobre futebol ou conceder uma audiência ao Nobel da Paz... Hmm... Qual deles?

Comments:
Procurando ver os dois lados da questão, temos os factos:

Do lado do Estado Português:

- o Dalai Lama, além de líder espiritual, trata-se, também, de um líder político...
- o Dalai Lama é odiado pela China.
- A China é muito intransigente em termos diplomáticos, ameaçando os países que recebem o líder (político-)espiritual do Tibete.


Do lado da tolerância (não do Dalai Lama, pois este não pareceu nada incomodado com a recepção pequenina que o Portugal dos pequeninos conseguiu, na sua habitual pequenez, efectuar)

- O Dalai Lama é um líder político, que simboliza os valores consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem e que a Constituição da República Portuguesa aceita em pleno, no artigo 16, n.º 2. A própria Lei fundamental espelha os valores que o Dalai Lama personifica, nomeadamente no artigo 7.º, n.ºs 1, 2 e 3, valores esses que a China nem sempre tem respeitado. Quid Iuris?
- À escala europeia, as ameaças da China não se revelaram com a gravidade com que Portugal as pareceu sentir, pois noutras ocasiões isso o dossier "Tibete" esteve em cima da mesa e os países tomaram posições sem que a China retaliasse;
- Outros líderes ocidentais receberam o Dalai Lama. Que se saiba, não há notícias da extinção de um Estado depois disto, nem de uma declaração de Guerra por parte da China... devo andar pouco atenta...
- A subserviência costumeira de Portugal impediu o PR de receber, não apenas um líder (político-) espiritual pacífico, como um nobel da Paz. O Estado Português já nos habituou a desprezar prémios nobel (ou fortes candidatos a estes) - lembro-me do caso Saramago, com o "Evangelho Segundo Jesus Cristo".

Parece-me óbvio que a recepçãozinha na AR (assembleia de todos os cidadãos portugueses - artigo 147.º da CRP) serviu para limpar a consciencia, para se dizer que Portugal recebeu, mas sem receber... Para, quando der jeito, "Ah e tal, o Dalai Lama foi recebido na assembleia representativa dos cidadãos portugueses" e, para quando não der "Ah, não! Está enganado! O Dalai Lama veio a Portugal, mas nem sequer foi recebido pelo PR!". É o país que temos: um país subserviente, medroso (ou merdoso. já nem sei), que se agarra a tentativas rascas de neutralidade, para procurar estar bem como céu e com o inferno, num constante, plagiando José Gil, "medo de existir".
 
Precisamos de mais mulheres como a Ana Gomes.

Tens prémio no meu tasco.

Beijo
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?


Este blog TINHA um mail! Mas eu esqueci-me da password... Por isso mandem para aqui as vossas queixas, lamúrias, ameaças, cartas de resgate (aviso desde já que não pago mais do que um café e uma torrada por quem quer que seja...), de amor, cantigas de amigo (Ai Deus, e u é?) e de inimigo, de escárnio e maldizer...
jp4space@portugalmail.com
Nota para a senhora sessentona residente no Fogueteiro que enviou um mail com fotografias em Julho passado: eu não sou grande adepto de cera derretida sobre os mamilos...