domingo, setembro 16, 2007
Eh pá, dá lá aí lama...
Do lado do Estado Português:
- o Dalai Lama, além de líder espiritual, trata-se, também, de um líder político...
- o Dalai Lama é odiado pela China.
- A China é muito intransigente em termos diplomáticos, ameaçando os países que recebem o líder (político-)espiritual do Tibete.
Do lado da tolerância (não do Dalai Lama, pois este não pareceu nada incomodado com a recepção pequenina que o Portugal dos pequeninos conseguiu, na sua habitual pequenez, efectuar)
- O Dalai Lama é um líder político, que simboliza os valores consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem e que a Constituição da República Portuguesa aceita em pleno, no artigo 16, n.º 2. A própria Lei fundamental espelha os valores que o Dalai Lama personifica, nomeadamente no artigo 7.º, n.ºs 1, 2 e 3, valores esses que a China nem sempre tem respeitado. Quid Iuris?
- À escala europeia, as ameaças da China não se revelaram com a gravidade com que Portugal as pareceu sentir, pois noutras ocasiões isso o dossier "Tibete" esteve em cima da mesa e os países tomaram posições sem que a China retaliasse;
- Outros líderes ocidentais receberam o Dalai Lama. Que se saiba, não há notícias da extinção de um Estado depois disto, nem de uma declaração de Guerra por parte da China... devo andar pouco atenta...
- A subserviência costumeira de Portugal impediu o PR de receber, não apenas um líder (político-) espiritual pacífico, como um nobel da Paz. O Estado Português já nos habituou a desprezar prémios nobel (ou fortes candidatos a estes) - lembro-me do caso Saramago, com o "Evangelho Segundo Jesus Cristo".
Parece-me óbvio que a recepçãozinha na AR (assembleia de todos os cidadãos portugueses - artigo 147.º da CRP) serviu para limpar a consciencia, para se dizer que Portugal recebeu, mas sem receber... Para, quando der jeito, "Ah e tal, o Dalai Lama foi recebido na assembleia representativa dos cidadãos portugueses" e, para quando não der "Ah, não! Está enganado! O Dalai Lama veio a Portugal, mas nem sequer foi recebido pelo PR!". É o país que temos: um país subserviente, medroso (ou merdoso. já nem sei), que se agarra a tentativas rascas de neutralidade, para procurar estar bem como céu e com o inferno, num constante, plagiando José Gil, "medo de existir".
<< Home