Este Blog foi um programa de rádio The Steadfast Tin Soldier: Força de campeões

quarta-feira, agosto 20, 2008

 

Força de campeões

"Gerações de jogadores equiparam-se e prepararam-se para o jogo. Gerações de adeptos sonharam e torceram pelos seus ídolos. Nem sempre ganhamos, mas nada abate o nosso orgulho". Assim começava o anúncio do Modelo, narrado no tosco português do Cristiano Ronaldo, alusivo à força dos nossos campeões futebolistas no Euro 2008. Pena os alemães terem sido mais fortes... Mas, no próximo Euro, havemos de nos livrar da "prisão" que é acharmos sempre que vamos vencer e, no final, pouco mais ganharmos que juízo - note-se que, quando falo em "pouco mais ganharmos", não falo pelos jogadores... Mas, senhores que jogam à bola, atenção que é preciso entrar em campo com uma ainda maior concentração... E é preciso ainda mais trabalho para se libertarem desse enguiço... Afinal, Arbeit macht frei, não é? E pode ser que não nos calhe apanhar outra vez os alemães pelo caminho...
Mas o jogo da bola já lá vai, agora estamos nos Olímpicos... Onde não me parece que haja grande diferença senão ao nível da modalidade que, embora oficial nos Jogos desde 1900, não é aqui rainha e senhora, partilhando a competição com inúmeros outros desportos. E digo que não há grande diferença porque, afinal, os nossos meninos (e um ou outro "adoptado") também estão todos a voltar para Portugal e as únicas medalhas que trazem são nódoas na camisa (com a devida excepção da Vanessa Fernandes, medalha de prata no Triatlo Feminino). Afinal, alta competição não é com este povo de sopas e descanso... Em viajar de férias para o estrangeiro e comprar plasmas topo de gama encostados à Cofidis, aí sim, somos, sem dúvida, uma nação cheia de Michael Phelps' do crédito e do fiado. Em esquemas para fugir aos impostos somos, com toda a certeza, um país de Carl Lewis' e de Paavo Nurmis. Mas em termos de Jogos Olímpicos? Nah... Não somos muito dados a este tipo de competições...
Ooops... Onde será que já ouvi esta frase? Ah... Já me lembro... Foi a nossa atleta Vânia Silva que, após um terceiro ensaio de martelo, ficou em 46º num total de 50 atletas. A justificação? Surge em forma de desculpa esfarrapada e com uma péssima escolha de palavras: "A única explicação é que, infelizmente, não sou muito dada a este tipo de competições. (...) Não consigo é lidar muito bem com o facto de nestas provas fazermos só três lançamentos. Em Portugal normalmente há sempre seis". Pois... "Cresci assim desse jeito, fiquei mal habituado", cantava o Quim Barreiros no seu hit "A Cabritinha"...
Maior desplante teve o Marco Fortes que, pelos vistos, não fez jus ao apelido, obtendo a marca de 18,05m no lançamento do peso, terminando o apuramento para a final em 38º lugar num total de 45 concorrentes. Em entrevista à TSF, desculpando-se pela sua prestação com o facto de a competição ter decorrido de manhã, Marco Fortes disse que "Eu já cheguei à conclusão que de manhã eu só 'tou bem é na caminha... Lançar a esta hora foi muito complicado... Apesar de ter entrado bem na prova, dois lançamentos longos, a mais de 19m, motivou ainda mais, mas depois p'o último lançamento já as pernas queriam era estar esticadinhas na cama... Por isso, é complicado, é complicado... Mas é assim a vida"... E tem toda a razão! Então... Fazer os atletas levantarem-se cedo? Fazer lançamentos do peso às 5h30 da manhã? Acho altamente incorrecto! Só que não foi o caso. Com a frase "lançar a esta hora foi muito complicado", Marco Fortes referia-se às 10h14. Uma hora filha da p*ta para lançar, não é? Isto terá dito, com certeza, Marco Fortes... O senhor é, curiosamente, altamente dotado para o asneiredo direccionado ao seu objecto de trabalho, o peso, característica que pude comprovar durante as 4 longas horas em que privei com ele durante um controlo anti-dopping. Tive, assim, a fantástica oportunidade de estar com este nosso atleta olímpico durante uma prova de lançamento do peso no Estádio Universitário, prova essa que foi passada a gritar "VAI, FILHO DA P*TA, VAI, C*RALHO, M*RDA, P*TA, FILHO DA P*TA..." para o peso, após o lançar. Talvez para se libertar do stress... Talvez devido a uma qualquer crença interior de que a sua voz é equivalente ao seu porte físico (o que pode ser facilmente desmentido por qualquer um que vá ouvir a gravação da TSF...) e que, através da vociferação de vocabulário ofensivo numa projecção violenta da voz, o peso irá ser afectado pela deslocação das partículas de ar, sendo empurrado alguns centímetros para a frente... Não é verdade. O que é verdade é que presenciei a cena de, pouco antes do final da prova, um juíz de pista se dirigir ao atleta e dizer "Porque é que você chama tantos nomes ao peso? Ele assim zanga-se consigo e não vai mais longe... Diga-os para dentro, pode ser...?", ao que Marco Fortes respondeu ofegante "Não, que ele assim aprende a respeitar-me". Yeah, right... Keep it up, dude!
Portanto... Temos aqui uma verdadeira salganhada olímpica no que toca a atletas e respectivas desculpas! Digna da ambrósia mais doce e mais sagrada, esta selecção de lusos mortais seria capaz de ascender ao Olimpo para partilharem do néctar divino junto de Zeus e terem uma monumental orgia helénica com a badalhoca da Afrodite (não é por acaso que um dos seus apelidos é Pandemos - "a da malta") que, entre deuses e mortais, encornou o coxo do Hefesto com 6 gajos diferentes, acabando por ter 18 filhos como consequência de ter "pulado a cerca" tantas vezes... Afrodite, deusa grega da beleza, do amor e do prazer sexual, tinha vários apelidos que denotam a sua condição de badalhoca olímpica: Hetaira (a cortesã), Porne (a prostituta), Kalligloutos (a das belas coxas), en kepois (a dos jardins - vá-se lá saber o que ela fazia por lá...), Genetyllis (a da maternidade - olha, admira-te!), Melaina (a negra - quem não ficaria...), Anosia (a pouco santa - sem comentários...), Androphonos (a matadora de homens - idem...), Praxis (a da acção [sexual]), Pandemos (a que é comum a todos) e, por fim, o meu preferido: Kallipygos - a das belas nádegas... Mas, por muito curiosamente interessante que o tema se revele, acabemos de falar sobre mitologia grega - e fica a promessa de, um dia destes, escrever um post sobre isso...
Estava eu a dizer... Esta selecção olímpica teria beneficiado muito mais se se tivesse atendido a certas condições:
- Ninguém faz desporto de manhã. A pista só abre a partir das 16h, para poderem todos ressonar até tarde.
- Se a pessoa alegar que "não é muito dada a este tipo de competições", não faz mal: todos temos direito às nossas preferências. Concede-se a passagem administrativa...
- Acabaram-se os nigerianos a viver há muito tempo em Portugal; a partir de agora, só nigerianos recém-naturalizados que tenham passado bastante tempo a fugir dos leões na selva - além de estarem mais bem treinados a correr, não se armam em arrogantes...
- No triplo salto, para evitar saltos nulos e tristezas para os nossos favoritos, ao atleta é permitido caminhar até ao local onde, após tomar um café, se vai decidir sentar para marcar o traseiro na caixa de areia.
- Para o tiro rápido a 25m e fosso olímpico, há uns senhores na Quinta do Mocho qualificados para o trabalho.
- Para a modalidade de tiro olímpico a 10m, convidem um determinado senhor que veste sempre de negro, trabalha na Quinta das Águas Livres e tem sido visto a passear por Campolide, em cima dos telhados. Foi inclusivamente contactado pelo La Féria para protagonizar um novo musical, "Um sniper no telhado", que conta com a presença de 4 pares de figurantes-estáticos em posições elevadas e dois sambistas cá em baixo a dançar de óculos de sol. Para além dos indispensáveis 300 bailarinos-cantores em fatos com plumas.
- Para a modalidade de tiro com arco, chamem qualquer governante português - pode não saber pegar num arco, mas é um Robin Hood em potência! Só que ao contrário: rouba aos pobres para dar aos ricos.
- Para a esgrima, contratem-se atiradores na zona da Amadora ou Chelas - apenas é necessário substituir a ponta-e-mola por um florete ou um sabre, porque no corte e contra-corte já eles são especialistas.
- No Taekwondo, sempre há o Marco, o do Big Brother... Ou seria Kickboxing? Bem, se o Marco não puder, eu tenho um vizinho que pratica frequentemente com/na mulher, com certeza que aceitaria o desafio de estar nos Olímpicos a competir, acompanhado pela sua amada esposa ou, como é carinhosamente conhecida no prédio, a Desdentada-Olho-Negro...
Espero que os senhores do Comité Olímpico Internacional leiam o meu blog e decidam providenciar no sentido de uma maior facilidade de acesso à competição por parte dos atletas portugueses.
Entretanto, para os que gostavam de ir aos Jogos Olímpicos mas não podem porque o vosso desporto é feito com a ponta dos dedos - como é o meu caso... -, saiu um jogo para computador e algumas consolas de jogos (cujas siglas neste momento não me recordo visto ter anunciado o fim da minha carreira e a minha retirada da alta competição nessa área já há uns anitos e estar fora do assunto...) chamado, imagine-se a originalidade, "Beijing 2008". De forma a garantir o máximo de rigor desportivo, foi seguidamente editada uma versão 1.1 com os updates necessários à lista de atletas. Aqui ficam o jogo e a respectiva expansão/update:





Comments:
The best of... tin soldier!
Está de morte. Longo mas ***** (5 estrelas).
Bem que eu disse que este soldadinho ia aprender com as batalhas perdidas. Aí está ele com as velhas armas mas... de modelo novo. Vem é com munições tipo longo... (nunca mais acaba). Força campeão!
Nota: Não vais aos JOs 2012!
 
Muito, muito bom...

Tá de partir a rir.

bjs
 
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