Este Blog foi um programa de rádio The Steadfast Tin Soldier: Referendo: Campanha versus demagogia

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

 

Referendo: Campanha versus demagogia

A campanha está nas ruas, nas televisões, nas rádios. Os movimentos de cidadãos parecem ter saído do anonimato em que as tertúlias que os formaram os encerravam. As consciências agitam-se, ainda mais, porque parece tratar-se de uma questão de consciência e, ao contrário daquilo a que o eleitorado está habituado, não de uma questão política. Não quero dizer, contudo, que a realização do referendo não o seja, porque é, e sempre foi, uma questão política, de tal ordem que foi incluída no programa do actual Governo. Já a reflexão e a consequente resposta que a pergunta motiva não é de teor político...e a campanha irá, obviamente, contribuir para a formação do veredicto final do eleitorado. E a problemática que quero sublinhar é exactamente essa: até que ponto é que a campanha conduz o sentido de voto da maioria do eleitorado português? Por outras palavras: até que ponto é que sucessivas acçõpes de campanha poderão conduzir a uma alteração da norma penal em causa? Procurarei fazer uma avaliação objectiva do poder da campanha (objectividade essa que nunca poderá ser total, uma vez que, a partir do momento em que se trata de uma opinião que é, na sua essência, subjectiva, a vinculação total à objectividade parece-me surreal. Assim procurarei, no mínimo, não ser demagógica. O resto, deixo à consciência de quem me ler).
Ora, parece-me que a campanha eleitoral não é mais do que uma (desculpem o termo, mas é disto que estamos a falar, por muito sensível que seja a questão a referendar) publicidade que quer os partidos, quer os movimentos de cidadãos, fazem à resposta que defendem. É, contudo, uma publicidade atípica, já que não estamos a falar em empresas que visam o lucro como objectivo último...mas, fora isso, tem (quase) tudo o que uma campanha publicitária tem, inclusivé tem o pior que uma capanha publicitária pode ter: demagogia. Lá iremos. O que é que a campanha tem que se aproxime da publicidade? Divulgação pela comunicação social, nas ruas (já se disse), merchadising, caras conhecidas para dar um ar credível à coisa, argumentos para "comprar" um determinado sentido, para convencer que uma solução é melhor do que a outra. O problema não é o facto de uma campanha se aproximar da publicidade (qual é a alternativa?), é o facto de a sociedade não saber "lidar" com ela. Todos somos ensinados a ler, a escrever e a contar...sabemos ler livros e escrever textos...quanto às contas, quem as não souber fazer, tem à disposição máquinas que substituem toda a aprendizagem que o ensino obrigatório faculta. Contudo, a maioria de nós vê mais televisão do que lê, escreve ou faz contas. E é um facto que não sabemos ver televisão, o porquê das notícias terem certa prioridade, o porquê da parcialidade dos jornalitas (por vezes tão evidente ao ponto de ser chocante). Não sabemos e, mesmo que saibamos, nada podemos fazer. Tudo isto para dizer que, não tendo consciência das subtilezas que constroem a informação que adquirimos, torna-se difícil detectar demagogias. E, infelizmente, a campanha para o referendo de dia 11 de Fevereiro tem primado pela demagogia e pelo mau gosto. Não está em questão a posição que defendo, refiro-me a factos. Passo a enunciar:
- No programa Prós e Contras uma defensora do "Não" diz, a certa altura, a propósito do prazo de 10 semanas, o seguinte: "Em Inglaterra já começam chegar à conclusão de que o prazo é excessivo"...pois, o problema é que a lei penal inglesa permitia o aborto até às 24 semanas...(sem comentários);
- Os movimentos denominados "pró-vida" são, por si, demagógicos...quererão dizer que o "sim" defende atentados à vida humana? Ou será que o "não" se esqueceu que o aborto clandestino mata, não apenas o feto (com metodos pouco ortodoxos, desde mezinhas a esmagamentos do feto, processo que conduz a infecções gravíssimas, de alto risco para a mulher), mas a mulher, essa sim, que tem todas as suas funcionalidades biológicas definidas, essa sim um ser humano completo e dotado de personalidade jurídica, essa também vida?
- O argumento da vida por si só: começa na concepção. Muito bem, então estamos a falar também da ilegalidade da pílula do dia seguinte, certo? E estamos a falar também da ilegalidade da existência de fármacos com propriedades abortivas à venda nas farmácias...para quem os conhece, é só escolher...Em primeiro lugar, desde o espermatozóide, ao óvulo, ao tumor, estamos a falar em vida, se a quisermos entender em rigor. Em segundo lugar, a ideia de que a vida começa na concepção tem origem religiosa...ahh! Já me ia esquecendo que a própria Igreja afasta a uso de métodos contraceptivos! Não podia haver visão mais desfazada da realidade do que conceber o sexo única e exclusivamente para procriar...Continuando, esta ideia do sexo unicamente para fins de "natalidade" vem da dissociação ou da desconstrução que a Igreja fez das ideias de prazer e de Bem...o que dá prazer não pode contribuir para o bem. E a inversa é, também, verdadeira. Eu devo dizer que coloco a questão da vida numa outra perspectiva: na dignidade da vida, da mãe e da criança. Toda a mulher deve ser apoiada antes, durante e após a sua gravidez, medicamente acompanhada e devidamente informada. Defender a aborto não é negar isto à mulher. Por outro lado, toda a criança deve ser desejada e ter uma infância condigna.
- O "não" adora dizer que, despenalizado o aborto, o mesmo conhece um aumento exponencial...pudera! Uma vez controlados pelo Serviço Nacional de Saúde são contabilizados! E, quer queiramos, quer não, é impossível contabilizar com rigor o número de abortos clandestinos;
- O "não" adora dizer que o "sim" não defende a prevenção, possibilitando à mulher a prática do aborto quando esta "quer e lhe apetece"...estas opiniões são verdadeiramente chocantes, desde logo, porque quem defende o "sim", defende o aborto como último recurso e que a decisão de o fazer seja medicamente acompanhada. Quererá isto dizer que, possibilitanto às mulheres um último recurso, se deixe de defender o planeamento familiar? Curiosamente, grande parte dos defensores do "não" eram os mesmos a voltar as costas à questão da educação sexual nas escolas...e agora vêm falar de prevenção como se a tivessem defendido desde o início? A menos que não considerem a educação sexual como forma de prevenção, o que me espanta, já que é suposto que esta aborde métodos contraceptivos...E outra coisa...fazer um aborto porque "apetece"? Só pela cabeça de algum psicopata passa uma ideia destas. Será que o facto de uma mulher fazer um aborto é revelador da sua incapacidade de sentir e torna-a uma assassina?
- Porque é que o "não" insiste em não referir o recurso, cada vez mais democratizado, a clínicas estrageiras e portuguesas? (Sim, porque há médicos e profissionais de saúde a lucrar com o aborto clandestino, naquilo a que Maria José Morgado chamou de "corrupção"...é um facto)...quem pode, pode...é, por isso, (também) uma questão social...
- A divulgação de imagens de fetos esquartejados. Definitivamente, atingiu-se o auge da demagogia! Trata-se muito provavelmente de fetos esquartejados por quem desconhece as práticas, os meios, as condições em que deve ser feito um aborto...e estamos a chegar onde? Exactamente! Ao aborto clandestino...exactamente o recurso que a lei vigente obriga as mulheres a tomarem e que os partidários do "não" não querem ver alterada...é o "não" a negar-se a si mesmo.
Por fim, a falha da pergunta: o prazo...como será depois das 10 semanas (essas, também, difíceis de aferir)? A alternativa seria a não-existência de prazo, o que não me parece viável. Parece que depois da 10 semanas, já não poderá a mulher recorrer ao aborto a pedido, e será criminalizada se o praticar...trata-se de uma questão complexa, bem como a da justificação (quais seriam os critérios de aceitação de uma justificação como válida e como aferir a sua veracidade?)...
O que vos apresentei não teve como objectivo desrespeitar o "não", mas sim, os procurar desconstruir a demagogia, que tem debilitado os movimentos que defendem tal resposta. Procurei fazer como que uma "moção construtiva", já que entendo que há questões pertinentes nas quais os defendores do "não" poderiam e deveriam pegar, em nome da seriedade da questão colocada. Aproveito para referir que, também o "sim" tem acções que, em certa medida, descredibilizam a questão colocada, transformando determinadas acções de campanha em verdadeiros festivais de emancipação feminina (de bairro), que envergonha qualquer mulher que lute pela dignidade da mulher, enquanto género. Contudo, é do lado do "não" que me parece vir a maior demagogia, demagogia essa, que procurei descontruir, pois não esclarece ninguém.
Por último, apelo ao voto, seja qual for o seu sentido. A sociedade é chamada a votar; é um direito e um dever cívico...é uma forma de respeito por quem, algum dia, lutou por não o poder fazer. Por conseguinte, apelo à vinculatividade do referendo (artigo 115º, nº 11 da Constituição da República Portuguesa), esperando que o número de votantes seja superior a metade dos eleitores inscritos no recenseamento. Como diria um reputado constitucionalista, Jorge Miranda, a não-vinculatividade do referendo é dar um poder de veto aos abstencionistas. Não é virando as costas à questão que ela se resolve...

Comments:
Não podia estar mais de acordo. Em tudo.
Pela minha parte, digo sempre às pessoas para votarem, mesmo que o meu sentido de voto seja diferente do delas.
(Mas... se todos votassem tenho a a certeza que o "sim" ganhava)
Bjs e bem vinda ;)
 
Ora muito bem-vinda! As minhas desculpas por só aparecer neste post m foi a 1ª vez q tive tempo para vir cá ler e comentar, desde há umas semanas. Parece q há pessoas predestinadas a serem polémicas:P
Gostei do texto, tb reconheço q há demagogia dos dois lados e lamento isso, ainda q esteja na outra barricada. E obrigado por teres feito esse esforço de análise objectiva em vez de andar a atirar pedras ao ceguinho como se vê tanto por aí. No entanto, e mais uma vez, tenho q deixar tb os meus pontos nos "i"'s, por coerência para comigo mm e p convosco:

-"Ou será que o "não" se esqueceu que o aborto clandestino mata" - O "sim" defende o aborto; o "não" não me parece q defenda o aborto clandestino... a diferença está em q tu defendes matar o filho sem pôr a mãe (tanto) em risco (e já nem vou falar dos prbs psicológicos e de fertilidade adjacentes) e eu defendo q já q TODA A GENTE sabe q há aborto clandestino, TODA A GENTE sabe das clínicas da morte, TODA A GENTE é humilhada por ir a essas clínicas, então q tal se o Estado fizesse o q lhe compete e n faz e fosse lá fechá-las e mandar (esses sim) essa gente ver o sol aos quadradinhos? ("Sim, porque há médicos e profissionais de saúde a lucrar com o aborto clandestino, naquilo a que Maria José Morgado chamou de "corrupção"...é um facto" - Vamos a eles! Todos sabem q eles estão lá!)

-a ideia de que a vida começa na concepção NÃO tem origem religiosa. É facto científico e aí até tu tens q concordar comigo. A "coisa" tem tudo o q precisa p ser alguém como tu. E vive, tem um coração q bate, e, às 10 semanas, já responde a estímulos externos graças ao desenvolvimento do sistema nervoso. É discutível se ele sofre, se tem isto ou aquilo. M n é discutível se ele vive. E "a desconstrução que a Igreja fez das ideias de prazer e de Bem"... excuso-me a comentários. Só alguém mesmo muito de fora pode dizer uma barbaridade dessas... Convido-te a olhar em volta e ver no catolicismo algo mais do q um papa em Roma e um bando de velhotas ajoelhadas a rezar o terço por essas igrejas fora. E talvez qd leres um pouco de teologia percebas q isso do Bem e do prazer tb n é nd como te deram a entender.

-Quaisquer q sejam as estatísticas mais pessimistas p comensurar o aborto ilegal são ridiculamente pequenas em face ao aumento verificado em face da legalização. Ora isto reflecte q houve pessoas q foram incentivadas pela lei ao aborto, q é precisamente o q todos queremos evitar (lamento m aí n há muitas interpretações possíveis a dar aos factos)

-Isso dos fetos serem esquartejados infelizmente e tanto qt sei tanto o são legal como ilegalmente, e se n forem esquartejados são destruídos quimicamente, o q é capaz de n ser muito mais agradável, ainda q a imagem seja mais bonitinha. E essa opção comporta mais riscos.

-Isso do prazo tb tens q reconhecer q é um artifício. Vais ter na mm criminalização após as dez semanas, e abortos ilegais, e tdas as consequências deles. Para mais, parece q é predominantemente após as 10 semanas q há recurso a clínicas e aborto e é principalmente após esses prazo (qt maior o embrião, pior) q os riscos de morte p a mãe aumentam. Mas continuar-se-á a fazer vista grossa e a lamentar q o aborto ilegal existe, q anda por aí, como o Santana Lopes. E vai-se ficando de braços cruzados à frente dele. São estas as pessoas q usam o argumento de q assim se acaba o aborto ilegal. Contra-citando o JP, Shakespeare mais uma vez: "Something is rotten in the state of Denmark." (p/ bom entendedor...)

Concluindo, resta-me deixar as demagogias do "sim" de q n falaste aqui, dps de apresentares uma lista interminável contra o "não". A 1ª, porventura a mais ridícula, será a q eu tenho exposto. C a despenalização do aborto o prb do aborto ilegal será minimizado, e muito pouco; e parece q continuam a n falar nestes casos c + de 10 semanas, como se não existissem. Mas existem - e "toda a gente sabe deles", das clínicas... só q ninguém faz nd. A 2ª é q metade dos cartazes q vejo por aí frisam a prisão com q as mulheres são punidas por abortarem; inclusivamente vi vários com cartazes de mulheres ATRÁS DAS GRADES (por falar na demagogia...). Ora vamos lá a ver: nos últimos 30 anos não houve UMA ÚNICA MULHER a ser presa por crime de aborto (m andam aí nos cartazes). E mm o nº de processadas é incerto, como foi reconhecido pelo senhor ministro, no meio de todos os acusados em processos desta natureza. O q a actual lei procura é, mais q enviar mulheres p a prisão, ter efeito preventivo, ameaçando-as com uma coacção imposta pela força do poder executivo. Até a judiciária tem ordens p dar prioridade miníma a estes casos. O q se pretende, ao punir estes crimes, é em primeiro lugar o castigo pelo exemplo. E normalmente o castigo parece nem ser aplicado, apenas ameaçado, o q garante um efeito algo semelhante. E as pessoas presas são aquelas q practicaram o aborto, tecnicamente, os profissionais de saúde. O aborto não deve ser sequer uma opção, e é isto q a actual lei pretende. Excepto nos casos consagrados, em q se torna justifável.
Muito mais haveria para dizer sobre o assunto(sobre as alternativas, o apoio q o Estado deve dar à maternidade e não dá, o papel das instituições de solidadariedade social q acolhem os filhos não desejados - e ao contrário do q muitos dos desse lado dizem, n se limitam a criar marginais; criam Homens dignos, e qd n o fazem o Estado tb tem a sua culpa no cartório pela falta de apoios), mas este comment já vai longo e cumpriu o q eu desejava, e q era apenas uma reflexão sobre o teu post. Porque a vida era uma maçada se estivéssemos sempre todos de acordo.

Continuação de bom trb aqui no blog, tentem n perder aquele seu lado mais informal q tb é fundamental p quem o procura com o fim de descontrair um pouco. E apelo também a todos: por favor VOTEM. O q quer q seja. É importante.

Pedro
 
Pedro:
Obrigada pelo comentário pelos argumentos. Não podia deixar de responder a quem tanto se alongou numa discussão que daria pano para mangas. Ainda assim, gostaria de frisar algumas coisas a propósito daquilo que disseste. Em primeiro lugar, não me parece que haja "pessoas predestinadas a serem polémicas", primeiro, porque não acredito na predestinação, em segundo lugar, diria que o que me parece é que existem matérias mais predispostas à polémica. Em segundo lugar, concordo quando dizes que há vida efectivamente na concepção, corrijo-me desde já, que me referia a vida com capacidade de sentir ou de sofrer...coloco a interrogação, coisa em que o meu post falhou e que felizmente detectaste. Em terceiro, lamento se mantenho a minha opinião quanto à origem da dissociação entre Bem e prazer. De facto não tenho grandes conhecimentos de teologia, mas parece-me que se não é de origem religiosa, será originária de uma moral adoptada por ordens religiosas. Assim, colocarei um ponto de interrogação ao que disse. Informar-me-ei melhor sobre o tema. Obrigada pela chamada de atenção. Em quarto lugar, as estatísticas...bem, eu não cionheço nenhuma que se possa dizer fidedigna para afirmar o que defendes. De certo reconhecerás que será muito difícil contabilizar as (muito) eufemisticamente chamadas clínicas de aborto clandestino. Não são apenas médicos a fazerem este tipo de "trabalho"... Efectivamente parece que a lei constitui um incentivo à clandestinidade e não há volta a dar quanto a isso; não mudando a lei, mantém-se o incentivo. Em quinto lugar, deixo uma questão: qual é o precedente que uma lei penal abre, confirgurando um comportamento como sendo um crime que não é efectivamente punido? Então será a lei uma mera ameaça? E quando os cidadãos se aperceberem que apenas constitui isso? Quid Iuris? (por falar em depenalização...). Em sexto e último lugar, reconheço que o meu post falhou no sentido em que referiu exclusivamente as demagogias do "não", embora tenha alertado para uma ou outra demagogia que surge do lado do "sim"...poderia ter sido mais equilibrado. Fica o reconhecimento.

Obrigada pelo comentário.
 
Orquídea:

Obrigada pelo comment. Elogio a escolha do nickname; é, de facto, um belo exemplar da magia da natureza. O apelo ao voto é fundamental em todos os momentos eleitorais; há que fazer um trabalho pedagógico de sensibilização, seja qual for o sentido do voto. Para além da questão a referendar, existe uma outra, prévia: a da cidadania.

Felicidades ;)
 
Aiai... tou a ver que o Pedro regressou.
Bem... era de se esperar. Ao menos não é a Zita Seabra. :P
Seja como for Pedro: gostei da parte em que dizes "tu defendes matar o filho". Essa, meu caro, tens de admitir foi um pouco senão colossalmente excessiva.
Serias capaz então de olhar-me nos olhos ou nos olhos de qualquer defensor do "sim" e dizer que aborto é igual a matar um bebé acabado de nascer? És? É que se fores então não estamos a falar de aborto mas sim de infanticídio e isso não é algo que se resolva com três anos de prisão.
Se achas que é homicídio então apenas tenho que te agradecer a honestidade. Mas, nota que para um aluno de medicina é algo contra-natura.
Anos e anos de desenvolvimento científico e tu tens o descaramento de dizer que um feto é a mesma coisa que um recém-nascido.
Perdoa-me se te soo ultrajante mas agora imagina como tu deves soar a mim.
Estou farto de as pessoas verem seres humanos como obrigação e não como possibilidade. E podes usar esta frase como tu quiseres contra mim porque tu sabes muito bem o que quero dizer.
Seja como for... dia 11 de fevereiro está a chegar e apesar de não estar em posição de votar (maldito recenseamento) deixo aqui votos de quem possa cumpra o seu dever. Detestaria ver um resultado vergonhoso como o das últimas eleições.

PS- Bem vinda witch... bom primeiro post.
 
Witch:
Muito obrigado pela resposta, é óptimo saber q se pode manter contigo uma conversa racional e civilizada. Com o Bem e o prazer o q eu quis dizer foi simplesmente q n há nenhum dogma religioso (pelo menos na religião católica) q diga q estes conceitos se excluem mutuamente. Pelo contrário, o Bem pode dar muito prazer, e consequentemente o segundo pode provir do primeiro. A religião n prega assim a mortificação, apesar do q as pessoas possam pensar. Qt à lei, temos q reconhecer q toda a lei c punição prevista no código penal constitui em 1º lugar uma ameaça. Tem sempre essa função preventiva, e se essa função n é cumprida, naturalmente, o mecanismo de coacção tem q se tornar mais duro (dura lex, sed lex...). Acho q a ameaça é sempre uma função natural. Por fim, isso da predestinação era piada (eu tb n acredito nisso) - daí o ":P" :)

Nuno: agradeço q n manipules as minhas palavras, por favor. Se para ti "filho"="recém-nascido", então estamos c problemas de semântica. De qq maneira, e se isso te faz mais feliz, leia-se "filho por nascer", ou "feto", ou aquilo de q gostares mais. Eu sei o q quis dizer. Tu tb. Por isso escuso-me a comentar tudo aquilo q escreveste em tão ameno tom sobre mim.
 
Witch, desculpa mas para quem diz que não quer adoptar nenhum lado da questão, o post é simplesmente uma dura crítica às pessoas que votam "não". Tenho muita pena que assim seja no post de estreia...
Haverá melhor para a próxima...
 
Pedro e Atalaia:
Agradeço os comentários. O tema presta-se à discussão e acredito que, seja qual for o resultado do referendo, haverá ainda muito que dizer e que opinar. Importa, por agora, esclarecer e discutir seriamente o tema. Parece-me que a questão sobre a qual os vossos comentários se debruçam é talvez a de mais difícil consenso, até entre cientistas. A mim, que sou partidária assumida do sim, é o aspecto do problema que mais dúvidas me coloca. De resto, penso que ambos têm posições defensáveis, susceptíveis de serem seriamente discutidas. Importa, por agora, discutir seriamente e, dia 11 de Fevereiro, contrariar a tendência abstencionista. Mais uma vez obrigada.
 
Anónimo:
É com agrado que aceito a crítica. Contudo, talvez não tenha explicado bem o sentido do meu texto. Fá-lo-ei, com todo o gosto. Na introdução que faço, antes de chegar ao cerne da questão, apenas me comprometi a tentar (o que não quer dizer necessariamente conseguir) não ser demagógica. Não me comprometi a ser isenta; aliás, seria pouco sério da minha parte comprometer-me a tal desígnio, quando o post revela claramente a minha posição. Para um esclarecimento mais completo aqui vai:

Demagogia: “Submissão excessiva ao agrado das massas”.
Isenção: “Imparcialidade, neutralidade”.

In: Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora, Porto, 2006.

Conclusão: não usei artifícios, mas não deixei de defender a minha posição; apresentei factos e opiniões (é isso que se faz num blog, certo?) … e deixo uma pergunta: qual é o problema de publicar um texto, que pode ser tendencioso (mas não necessariamente falso ou falacioso), num espaço de livre expressão? É um post de opinião, não uma notícia, dado que não faço jornalismo. Podia ter feito melhor, é certo. Agradeço a verdade lapaliciana. Procurarei fazer melhor da próxima vez, esperando que a crítica anónima acompanhe a (incógnita) melhoria. Ou, pelo menos, tente. Tal como eu. Obrigada.
 
Olá a todos!
Concordo plenamente com o Pedro.. Estou farta de ouvir barbaridades.. e realmente isso que tu disseste de n terem sido presas mulheres nos ultimos 30 anos é mm vdd.. Votar sim é tapar o sol c a peneira, cm se costuma dizer. Bem, mas para aqueles que têm uma ideia diferente de mim n me censurem a mim ou ao pedro que comentou.. apenas defendam a vossa ideia votando. Jamais seria capaz de matar alguém. Muito menos o meu filho. Mesmo que tivesse de pedir ajuda em mts associações, que as há, embora quase ninguem saiba, que apoia as mães sem posses c as coisas necessárias para o bebé. Devia-se, sim, apelar à natalidade, tal como na Alemanha. E n tornar o aborto um método contraceptivo. Para isso há a pilula, o preservativo.. and so on... Quem n usa métodos contraceptivos já está a decidir engravidar, independentemente de acontecer realmente uma fecundação ou n. Não me censurem. Defendam a vossa causa.

Bom domingo.
 
Boas!
Há tempos que não vinha aqui... E encontro o Steadfast muito diferente.
Começando, claro, pela presença feminina que se faz marcar pela "Witch".
Por isso, antes de mais, sê muito bem vinda!
Já agora... Grande entrada!
Começar a postar sobre um tema tão complexo como este é, sem duvida, uma entrada a pés juntos... E contando com a polémica que um grande blog como o Steadfast pode gerar.
Quanto à questão aqui apresentada, confesso que não acabei de ler todos os comentários mas, pelo que li, penso que terá sido aqui focado tudo o que havia a focar assim, "à primeira".
Ainda assim (esperando não estar a repetir ninguém em nenhuma linha que não tenha lido) acho que este referendo, apesar de abordar a questão do aborto, de si uma questão muito complexa (tão complexa como a própria vida), acaba por estar assente numa questão muito simples e directa, e que acaba por ter uma análise também muito simples e directa.
Ao contrário do que se diz tanto (e há uma grande confusão sobre isso), não se trata aqui de saber se somos a favor ou não do aborto...
Mas se somos ou não a favor da "despenalização da interrupção voluntária da gravidez (sim, a mesma coisa) quando efectuada por opção da mulher, até às 10 semanas de gravidez e em estabelecimento de saúde legalmente autorizado"!
Ou seja... É uma questão a ser respondida com realismo e sensatez.
A meu ver, numa sociedade perfeita, o "Não" sería a opção correcta. Mas o problema é que estamos longe de viver numa sociedade perfeita o suficiente (não só Portugal, mas qualquer país real está nesta situação de imperfeição).
As campanhas pelo "não" falam de apoio às mães em dificuldade como alternativa ao aborto.
Perfeito! Acho muito bom e claro que apoio essas acções! Mas sejamos realistas... Em que mundo vive quem acredita que esse apoio vai chegar a toda a gente?!
Depois, aquilo de dizer que votar "sim" é apoiar a morte de seres humanos... Mais uma questão a ser abordada com realismo: O aborto existe, vai continuar a existir, e não há nada que possamos fazer sobre isso...
O que podemos é permitir que, em vez de duas vidas na sua utilização, se perca apenas uma. Chama-se a isto minimizar os danos.
Isso que o meu grande camarada "Astro" referiu de fechar todas as clínicas e prender quem faz os abortos clandestinos... Mais uma vez, com todo o respeito, seria perfeito... numa sociedade a condizer! Pois é completamente descabido e irrealista da tua parte pensar que tal seja possível! Nem numa Noruega ou Suécia, quanto mais numa sociedade como a portuguesa!

Portanto, acho que o essencial aqui é olhar a questão como alterar uma lei que não funciona, e fazê-lo com o maior realismo e a maior sensatez possível.

Claro que os abortos aumentarão (nem que seja pelo primeiro vislumbre de números oficiais confiáveis)! É claro que haverá pessoas a usar o aborto como que uma "pílula da semana seguinte" (Há pessoas neste mundo capazes de atrocidades tais... Não é difícil imaginar então esta realidade.)!
Mas acima de tudo, cabe ao governo, após vitória do "sim" (espero), iniciar, não só os apoios às mães em dificuldade, como uma educação e uma preparação da sociedade, a começar nas escolas e nos bairros populares e mais antigos, ao nível da contracepção e da educação sexual.

Para acabar... Realço o apelo feito pela Tatiana, para votarem todos!
"sim" ou "Não", mas votem!

Fiquem bem, malta!... E portem-se mal!
(Beijões de boas vindas para a Tatiana :D)
Peace ;p
 
A questão do aborto é sem dúvida uma questão que dá pano para mangas e que, ultimamente tem sido discutida a torto e a direito e, muitas vezes, sem o verdadeiro conhecimento dos factos (o que não acontece neste post).
Quero apenas deixar aqui uma ressalva, com a vitória do "Não", não vai mudar nada à actual situação (os abortos clandestinos irão continuar, mulheres irão continuar a morrer e a ser humilhadas). Com a vitória do sim, é criada uma alternativa à mulher, que terá o aborto como última instância, uma vez que se apostará no planeamento familiar e na educação sexual. Sim, o número de abortos vai subir a pique, mas não é porque as pessoas vão fazer um aborto apenas porque lhe apetece e sim, porque se desconhece o verdadeiro número de abortos clandestinos. Após este pique, o que sucederá é uma estabilização do número de abortos praticados (tal como aconteceu nos países em que o aborto existe legalmente).
Quanto à campanha, já tive oportunidade de discutir isto contigo e acho que ela é importante, mas dentro do bom senso e não aproveitando todas as oportunidades para apelar um voto, apenas com o lema "Por um voto se ganha, por um voto se perde".
Por fim, resta-me apelar a todos que VOTEM, sim ou não, mas VOTEM.
Votar é um direito e um dever cívico, são os nossos interesses que estão a ser discutidos. Tal como a Tatiana aqui defendeu, é importante que se atinja a vinculatividade deste referendo e que, não se verifique a elevada percentagem de abstenções do último referendo.
Tatiana, parabéns por mais esta participação num blog, desejando que continues a defender a tua opinião de uma forma sensata e objectiva.
Jinhos
 
Bem, eu sou o anónimo e fiquei esclarecido com o comentário que fizeste, Witch. Obrigado por tal.
Espero que o meu primeiro comentário não tenha sido demasiado ofensivo... Simplesmente me revoltei um pouco ao não perceber o propósito do post.
Sê bem-vinda ao blog e espero que tudo corra bem. ;)
 
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