Este Blog foi um programa de rádio The Steadfast Tin Soldier: Vindo do baú: Pastilhas Gorila

terça-feira, janeiro 16, 2007

 

Vindo do baú: Pastilhas Gorila

Inicio hoje neste blog uma rubrica (a primeira) que aparecerá periodicamente de vez em quando. Chamar-se-á "Vindo do baú", uma alusão àquele mítico baú que todos temos, cheio de cangalhada e traquitana que traz à memória recordações de tempos que já vivemos. Para a estreia desta rubrica escolhi falar de um reencontro recente. Falo das pastilhas Gorila.
Olá, o meu nome é João Pedro e ando na pastilha desde criança. A minha história é esta:
Passei oito extenuantes anos da minha vida num sofrimento permanente por não saber fazer balões com pastilha elástica. Foi mais ou menos o período compreendido entre o meu nascimento e algures a meio dos meus oito anos.
Antes não ligava muito às pastilhas. Mas um dia fui à terra da minha avó. Lá encontrei a minha prima, dois anos mais velha que eu, e num dia de Verão em que aquele sol transmontano batia em chapa nas nossas cabeças, sentámo-nos juntos numa sombra que encontrámos e lá, sentados no chão entre galinhas à solta e ervas daninhas que cresciam nas frestas da calçada, tive a minha primeira experiência. No final, transpirado do calor que se fazia sentir e da emoção das vivências, levantei-me de um pulo e fui para casa a correr contar a toda a gente: OLHA, OLHA, JÁ SEI FAZER BALÕES COM PASTILHA ELÁSTICA! Desde então, a minha vida nunca mais foi a mesma. A minha prima Ana marcou de forma indelével a minha infância.
Quando cheguei a Lisboa sentia o bichinho da pastilha elástica a fazer-me cócegas. Ainda o tentei enxotar, mas o patife estava no estômago e não saiu cá para fora. Não resisti, e fui abastecer-me ao meu dealer: um café ao lado de minha casa que vendia Pastilhas Gorila a 10$00 cada. Era caro, sim, mas todos vícios são caros... Comecei a consumir longe dos olhares da minha família. Um dia os meus pais entraram no meu quarto e abriram uma gaveta. Lá encontraram vários cromos das Gorila e 2 ou 3 pastilhas com sabor a menta. Entrei em choque quando os meus pais descobriram que eu estava agarrado à pastilha mas, estranhamente, eles aceitaram isto de uma forma pacífica. De tal maneira que, nos longos períodos que eu passava fechado no meu quarto envolto no *PLOP* dos balões que fazia e rebentava, se alguém perguntava o que eu estava a fazer o meu pai respondia com a maior das calmas: "Está no quarto, pastilhado..." Os períodos de ressaca eram muito complicados, porque quase não conseguia falar, tais eram as dores nos maxilares de mascar pastilha durante tantas horas seguidas.
Lembro-me também quando os meus amigos descobriram que eu estava agarrado. Foi numa reunião dos escuteiros. Estava com a minha patrulha e decidi pôr uma pastilha na boca, ninguém vai notar... E pus, mas distraí-me, comecei a fazer balões e dei um passo maior que a perna: fiz um balão me'mo grande, o maior que alguma vez tinha feito. Excitei-me, deixei-me levar pelo momento e não pensei nas consequências. O balão, atingido o limite da elasticidade da pastilha, rebentou-me na cara e fiquei com a pastilha espalhada por toda a cara. Andei uma semana a tirar o raio da pastilha das sobrancelhas. Foi uma vergonha... Os meus chefes alertaram os meus para o perigo da pastilha, e eles cortaram-me a semanada. Também o meu ursinho de peluche me deixou: quando cheguei a casa encontrei um bilhete que dizia "Não aguento mais. A nossa vida foi-se desmoronando aos poucos. Estou, literalmente, pelas costuras com o teu vício. Acabaram-se as noites abraçado a mim, a mordiscar-me as orelhas felpudas. Adeus. Ass: o teu Urso"
A dada altura tive que deixar mesmo a pastilha. O preço subiu para 15$00 e não tinha rendimentos para sustentar o vício. Também larguei a pastilha porque percebi que as coisas estavam a ir longe demais: a pastilha começava a puxar-me para coisas mais pesadas, como o ácido (gástrico, que se formava em demasia e me obrigava a andar a pastilhas Rennie todos os dias) e para a coca (cola. Sem limão nem gelo, se estiver fresquinha, por favor...).
Estive cerca de 8 anos "limpo", mas há coisa de duas semanas encontrei um novo dealer, ao pé do IGL, que ainda vende pastilhas Gorila. O preço agora é de €0.10, ou 20$00 na moeda antiga. É incrível como as coisas encarecem 10$00 em 10 anos!!!

Comments:
mas para que é que foste falar nisto?! vais-me fazer ir comprar pastilhas... achas isso bem? eu estava limpo! parece que não eras o único agarrado. devíamos formar um grupo de apoio.

:B
 
Prefiro as de morango! A minha avó tinha uma mercearia e... mas claro, também, por vezes, tinha de ir a um dealer, mas na altura custavam 2$50 e depois passaram para 5$00. Foi nessa altura que achei que estavam a ficar caras.
Bom... tens aí uma pastilha Gorila?(pode ser de menta, eu não me importo)
Bjs
 
Bons tempos os das pastilhas Gorila!!Agora até ia uma, em honra aos tempos passados... P.S. E o suminho Bongo?... eu até sabia a música da publicidade de cor!
 
omg .... eu nc soube fazer balões com pastilha!!

sinto-me excluido =(
 
Se tivesses ido à terra da tua avó (que, só por acaso, até é a mesma terra da minha... porque, só por acaso, elas até são irmãs! =P lol), sabias! ;P lolol e não conheceste as tuas primas... nem sequer a susana, quando ela esteve cá em lisboa... não sabes o que perdeste ;) e eu a pensar que susanas assim só na família dos outros... LOL kidding... (espero que a susana não leia o meu blog... :P e se ler... bem, susana, isto era um elogio! lol...)
 
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