Este Blog foi um programa de rádio The Steadfast Tin Soldier: As mensagens subliminares presentes na música pimba romântica

segunda-feira, setembro 11, 2006

 

As mensagens subliminares presentes na música pimba romântica

Em conversa com um notável músico e eminente flautista e pianista, desenvolvi uma teoria sobre as mensagens subliminares presentes na música pimba romântica, especialmente em Marco Paulo.
Vejam a música mais conhecida deste nosso cantor tão famoso nos programas da manhã e nos bailaricos de aldeia: "Eu tenho dois amores". Ora bem, este clássico da música nacional que se situa algures entre o pimba-Ágata e o pop-José-Cid contém subtis mensagens ocultas na letra e na coreografia que podem muito bem destruir as bases morais da nossa sociedade. Se não acreditam, vejam:
Começamos pelo título: "Eu tenho dois amores". Isto é claramente um hino à incapacidade de decisão entre uma vida heterossexual ou homossexual: opta-se pelo caminho pecaminoso e pela vida desregrada da bissexualidade. Esta indecisão é reforçada pela frases "Mas não tenho a certeza/ De qual eu gosto mais/ Mas não tenho a certeza.../ De qual eu gosto mais..."
Mais à frente aparece o seguinte:

"Uma é loira e acontece
Entre nós amor, ternura
Tão loira que até parece
O sol da minha loucura..."

Nesta referência a uma mulher, LOUCURA é a palavra-chave para a interpretação deste excerto. A noção de loucura num contexto sexual encontra-se associada a uma vida sexual sem respeito pelos limites moralmente estabelecidos.

"Mas a outra tão morena
É tal qual um homem quer
Porque embora mais pequena
Ela é muito mais mulher..."

É o que vem a seguir. "É tal qual um homem quer": tire-se-lhe o "quer" e fica "É tal qual um homem". "Ela é muito mais mulher", talvez se refira ao facto de o homem ser homossexual, pois apenas nessa condição poderia corresponder ao amor de outro homem. Assim ficamos a saber que este segundo excerto diz respeito à componente masculina da sua indecisão: o homem que lhe ocupa todo o pensamento. Ou, se calhar, apenas metade.

"Meu coração continua
Sem saber o que fazer
É melhor amar as duas
Sem uma doutra saber...

Que este encanto não se acabe
E eu já pensei tanta vez
Pois enquanto ninguém sabe
Somos felizes os três..."

É a devassidão total!!! Não obstante a indecisão quanto à sua opção sexual, o sujeito escolhe de facto uma vida bissexual em que é infiel tanto à sua parceira feminina como ao seu companheiro homossexual! Como nenhum sabe do outro, o homem é, do ponto de vista da mulher, heterossexual; do ponto de vista do seu companheiro, homossexual; e do ponto de vista de um observador externo e omnisciente, bissexual!
Quanto à coreografia, note-se a manobra quase malabar de mudar o microfone de mão, fazendo-o saltar da direita para a esquerda para a direita para a esquerda... O artista está claramente a simular o acto de segurar num pénis aquando do sexo oral, e muda de mão para transmitir a ideia de que tem vários parceiros sexuais masculinos a quem pratica felação, vulgo broche. Mais uma vez, um facto a comprovar a imoralidade da música pimba, perniciosamente apelidada por alguns de "popular", embora nada tenha de benéfico para a mentalidade do povo.
Um último ponto, também relativo à coreografia: o gesto de tocar com a mão no coração e fechar ligeiramente os olhos. A intenção do fechar dos olhos é fingir uma sensação de prazer, induzindo as mentes mais incautas a pensarem num orgasmo. Aqueles que cederem à artimanha dos olhos, estarão também à mercê do truque da mão no coração, que simboliza o amor, o salutar, o que é bom, e tenta passar a mensagem de que a bissexualidade e a promiscuidade nas relações sexuais é algo de positivo.
Mas não é.
É bom, pois é, mas de positivo é que não tem nada!


Comments:
EXCELENTE! Já n aguento mais a rir! nem sei como é q aguentaste a letra toda (a mim já me bastava conhecer o refrão!), mas tens aí uma pré-tese de doutoramento para o caso de qq dia te apetecer passar pela fac de psicologia:P
Sem comentários; adorei!
 
Esse Marco Paulo nunca me enganou, não, não...
 
Uma teoria deveras interessante mas gostaria de pôr uma pequena, embora fulcral a meu ver, adenda a essa tão bem estruturada, quase freudiana, aproximação de um tema popular que ainda hoje nos causa dores nos dentes:
De facto o ponto da bissexualidade está bem expresso ao longo da letra mas penso que te deixaste levar um pouco e fechaste aos olhos ao ponto ainda mais fulcral de toda a situação: mais do que um ataque frontal às ideias da sociedade face a sexualidades diferentes esta letra expressa muito mais do que isso.
Um ataque frontal à ideia de relação à ideia de dualidade amorosa.
O problema talvez seja o ponto a que a ideia de dois está de tal forma inculcada nas nossas mentes.
De facto o "poeta" tem uma relação com duas pessoas de diferentes sexos... mas os facto é que é uma relação em que os três se amam.
Ele refere que as "outras" não sabem... mas de facto o que estes amantes não sabem é o mesmo que o cantor não sabe: "de qual eu gosto mais".
Cada um dividido entre os outros dois deixa-se levar pelo coração e entra numa relação que vai contra tudo o que a nossa sociedade vê como sagrado.
Não é um simples "ménage à trois"... é um amor "à trois". Um threesome romântico que desafia todas as regras.
De qual gosto mais?
Não sabendo qual a resposta, estas três almas possuídas pela luxúria deixam-se levar.
Onde serão levadas?
"Não tenho a certeza"... e talvez seja melhor assim.
 
"a promiscuidade não tem nada de positivo", dizes tu... Claro que tem... o teste de HIV dá positivo! :p
 
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