quarta-feira, maio 03, 2006
A drogaria
Hoje em dia já não se vai às drogarias... Se se quer lixívia, vai-se ao Continente. Se queremos desentupir um cano ou comprar ferragens, vamos ao AKI. Se queremos rolhas para garrafas... Bem, hoje em dia já ninguém quer rolhas de cortiça, e quem quer compra-as directamente a uma fábrica! As drogarias, embora não tenham uma grande utilidade na sociedade moderna e tecnológica de hoje em dia, são... vá lá, engraçadas! Mas eu também sou suspeito, que acho piada a quase tudo o que é "antigo". Por vezes sinto que gostava que o mundo tivesse a comodidade de hoje em dia aliada à "tradição" do antigamente: era engraçado irmos à mercearia e comprarmos manteiga ao peso embrulhada em papel vegetal e papel pardo, acho piada a comprar café numa loja de chás e cafés e vir também em pacotinhos de papel pardo (e isso ainda acontece aqui em Benfica =D ), teria a sua piada a conta vir feita em cima de uma folha de papel rasgada e com uns números meio tortos escritos com um lápis toscamente afiado. Mas hoje em dia é diferente: queremos manteiga vamos ao supermercado, queremos café vamos ao supermercado, queremos qualquer coisa e basta ir ao supermercado porque o supermercado é isso mesmo: um SUPER mercado - uma loja em que há de tudo!
Nos tempos que correm somos atendidos por uma miúda de 22 anos a mascar pastilha elástica e com argolas nas orelhas que mais parecem batentes de porta, que parece ter sido programada para ter uma personalidade antipática e não dizer nada para além de "14 euros e 87 cêntimos, por favor", ao invés de um senhor com ar simpático e de bata que nos rabisca uns números mal desenhados e diz "Ora... São 14 euros e 87 cêntimos, por favor... Então! Ontem o nosso Benfica lá ganhou, hein?". Nos tempos que correm os supermercados de todo o país são iguais ao mais ínfimo pormenor, tudo desenhado por um decorador de interiores ou um designer em vez de rolhas e funis e catrapázios de latão pendurados do tecto, tudo amontoado e na parede um calendário com mulheres nuas. Nos tempos que correm a relação mais próxima que temos com quem nos atende do outro lado do balcão reduz-se a uma folha de papel pequenina que diz o o nome e o NIB da empresa, o capital social e a lista das coisas que comprámos.
Por vezes sinto falta deste tempo em que não vivi.
Ah! E não expliquei porque é que fui à drogaria: precisava de comprar um maço de lenços. Fui a um quiosque e disseram-me "De momento não temos, mas aí na drogaria têm", "Qual drogaria?". Passei por ela e nem a vi.
P.S. - O que aconteceu dentro da drogaria: Um senhor de óculos, cabelo branco e bata azul perguntou-me com um sorriso: "Faça favor..."
Acho que hoje em dia, e mais do que nunca, devido à massificação do consumismo, as recepções dos lojistas devião voltar ao que eram antigamente, pois trata-se de uma questão de cativar o cliente - que actualmente é mto incosntante.
ouseja, a simpatia beneficia, não só o comerciante, como também o comprador (que se sai da loja com a sensação de que a simpatia ainda existe no mundo)
Pensem nisso...
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