Este Blog foi um programa de rádio The Steadfast Tin Soldier: setembro 2008

terça-feira, setembro 30, 2008

 

O catálogo

Ah Mozart, ganda maluco!

"Madamina, il catalogo è questo", Leporello, Donna Elvira
in Don Giovanni, W. A. Mozart

Madamina, il catalogo è questo
Delle belle che amò il padron mio;
un catalogo egli è che ho fatt'io;
Osservate, leggete con me.

In Italia seicento e quaranta;
In Alemagna duecento e trentuna;
Cento in Francia, in Turchia novantuna;
Ma in Ispagna son già mille e tre.

V'han fra queste contadine,
Cameriere, cittadine,
V'han contesse, baronesse,
Marchesine, principesse.
E v'han donne d'ogni grado,
D'ogni forma, d'ogni età.

Nella bionda egli ha l'usanza
Di lodar la gentilezza,
Nella bruna la costanza,
Nella bianca la dolcezza.

Vuol d'inverno la grassotta,
Vuol d'estate la magrotta;
È la grande maestosa,
La piccina è ognor vezzosa.

Delle vecchie fa conquista
Pel piacer di porle in lista;
Sua passion predominante
È la giovin principiante.

Non si picca — se sia ricca,
Se sia brutta, se sia bella;
Purché porti la gonnella,
Voi sapete quel che fa.

Minha senhora, este é o "catálogo"
Das beldades que o meu senhor amou;
Uma lista feita por mim;
Observe, leia comigo.

Em Itália, seiscentas e quarenta;
Na Alemanha, duzentas e trinta e uma;
Cem em França, na Turquia noventa e uma;
Mas em Espanha são já mil e três.

Entre estas estão camponesas,
Aias, meninas da cidade,
Condessas, baronesas,
Marquesas, princesas,
Mulheres de todos os estatutos,
De todas as formas, de todas as idades.

Com as loiras tem o hábito
De louvar a sua bondade,
Com as morenas, a fidelidade,
Nas de cabelo branco, a doçura.

No Inverno gosta de gordas,
No Verão gosta de magras;
As altas são majestosas,
E as pequenas são sempre charmosas.

Conquista as mais velhas
Pelo prazer de as pôr na lista;
A sua paixão predominante
É a jovem principiante.

Não interessa - se é rica,
Se é feia, se é bonita;
Se ela estiver a usar saia,
Vós sabeis o que ele fará.


domingo, setembro 28, 2008

 

O quem é quem de Ciências Musicais

Quem é quem, tu queres saber...?
O Departamento de Ciências Musicais da FCSH-UNL está cheio de professores que são autênticas caixinhas de surpresas... Especialmente no que toca a fotografias dos seus tempos de juventude espalhadas pela net!
Para todos os alunos de CM, fica um "Quem é quem" musicológico:
Quem são estes professores?
Professor nº 1:


Professor nº 2:


Professor nº 3:


Professor nº 4:



Professor nº 5:

domingo, setembro 21, 2008

 

Eurico A. Cebolo, de comer e chorar por mais...

Eurico Augusto Cebolo é, segundo a Wikipedia, músico, compositor e escritor. Mas, a par de "nunca aceitar nada de estranhos" e "nunca apanhar nada do chão", "nunca se fiar totalmente no que a Wikipedia diz" devia ser um dos ensinamentos pré-escolares que nos são transmitidos pelas mães... Não duvidando, no entanto, que o senhor estudou música, como é referido por várias fontes, este homem de olhar perdido e esbugalhado, sentado numa poltrona cujo forro combina com as cores da gravata (que, diga-se de passagem, é de um bom gosto atroz...), é verdadeiramente um ícone da comédia em Portugal e um mentor para todos os que, como eu, ao comprarem o seu primeiro órgão Yamaha, aos 5 anos, descobriram um livro de música que, na contracapa, trazia títulos como Casei com a minha irmã, Matavam as freiras grávidas e O falo perdido. Não que eu, com 5 anos, tivesse consciência do que era um falo. Mas a ilustração da capa em que dois meninos apontam para um homem que, virado para eles, tem as calças já desapertadas e a ver-se um bom bocado do rego já me deixava perceber um pouco o que se passava ali...
O Sr. Cebolo escreveu livros que ensinavam, supostamente, a tocar os mais diversos instrumentos: do piano ao acordeão, do órgão à flauta, do banjo à guitarra baixo, passando pela bateria, a guitarra, o bandolim, o cavaquinho, a viola braguesa, etc. Uma característica bastante interessante destes livros é o facto de cada página ser dividida em três colunas em que o texto se encontra em Português, Inglês e Francês. Uma aposta ousada destas edições de autor, que alguém um dia supôs que pudessem chegar a tornar-se métodos musicais reconhecidos a nível internacional... Outra curiosidade: para o Eurico A. Cebolo, tudo é mágico! Por essa razão, os seus livros chamam-se: Teoria Mágica Musical, Solfejo Mágico, Organista Mágico, Acordeão Mágico, Guitarra Mágica, Piano Mágico, Método Mágico, etc etc etc...
Mágicos, mágicos, são os títulos dos romances que escreveu. Deixo-vos os títulos e as sinopses que são, garanto-vos, de chorar a rir, tal não é a pancadona do gajo...

A filha do padre - Isabel cedo se apaixonou por Eduardo, filho de um dos mais ricos proprietários transmontanos. Esse namoro é interrompido pelo pai de Eduardo que aparece à porta do padre, acusando-o de ter roubado as suas valiosas jóias e ainda de ser o pai de Isabel. Para maior infortúnio, a rapariga não tarda a descobrir que anda grávida.

Casei com a minha irmã - Maria Alice perdeu a mãe, tragicamente. Para sobreviver, torna-se criada da progenitora do homem que ama. A patroa, além de a ultrajar, expulsa-a lá de casa. Depois, é dada como morta no desastre ferroviário de Alcafache. O rapaz que a desonrou casa com a própria irmã. O leitor ficará ansioso pelo desfecho desta história cujo final lhe trará muitas surpresas.

Matavam as freiras grávidas - Maria Teresa ingressara na ordem religiosa das Cristianas, desgostosa por perder a filha que lhe disseram nascera morta. O parto resultara difícil e desmaiara quando teve a menina, desconhecendo por isso que dera à luz também um menino. Ela e uma amiga desvendam o mistério que envolvia a morte das freiras sepultadas no subterrâneo do convento.

Maldição cigana - Carmencita, a cigana tão sedutora, lia nas palmas das mãos a sina de toda a gente, porém, não conseguia ver nas dela o estranho segredo do seu nascimento. Os olhos verde-esmeralda tornavam-na diferente dos restantes membros da comandita, levando a duvidar que pertencesse a tal raça. A paixão e o ódio que sentia por Diogo alteraram o rumo da sua vida.

O falo perdido - Miguel e Damião cresceram juntos na Quinta das Mimosas onde um criado os levou a práticas sexuais aberrantes. Miguel era filho da proprietário e Damião aparecera abandonado à porta da mansão. Um intrincado enigma envolvia o seu nascimento. D. Ângela, a dona da quinta, casara com um inglês, mas no seu coração sempre reinara outro homem.

O violador das mortas - Um bebé foi roubado e depois enjeitado por descobrirem a sua cegueira. Mais tarde é raptado e obrigado a mendigar com uma menina que julga sua irmã. Crescem e apaixonam-se, mas ela morre e sepultam-na, num cemitério onde um necrófilo, devido ao seu desequilíbrio psíquico, profanava os túmulos e violava as mortas. Um desfecho surpreendente.

Incesto sem pecado - Duas crianças, trocadas ao nascer, vivem no mesmo palacete onde a rica ocupou a posição da pobre de quem passa a ser criada, enquanto a pobre tomou o lugar da rica que odeia e maltrata. Este segredo origina ligações incestuosas.

A santa assassina - Um engano relacionado com um assassínio causa a infelicidade do jovem a quem atribuem a culpa. Ele fica com a vida destroçada por não conseguir provar a sua inocência. A morte de um homem na igreja traz importantes revelações.

e a que contém a minha citação favorita:

A prostituta virgem - Natália foi difamada, publicamente, e o seu pai, acusado pela morte do sogro, morre assassinado à sacholada ao tentar redimi-la. Seu primo faz-lhe a vida negra e acusa-a de prostituta ao vê-la com uma criança nos braços.

Por último, convém informar que existe um grupo do Hi5 dedicado ao Eurico Cebolo ("Eurico Cebolo tas ca dentro"), um quiz online para determinarem qual dos livros do Eurico Cebolo vocês são (http://www.quizilla.com/quizzes/1219631/que-romance-de-eurico-cebolo-es) e ainda um tributo ao Eurico A. Cebolo pelo Emanuel Casimiro, "O Rei do Power Pimba!", que podem ouvir na barra lateral do Steadfast Tin Soldier.


quarta-feira, setembro 17, 2008

 

Saí do IGL

Hoje foi o dia em que o meu "segredo" foi desvendado.
Hoje saí do IGL. Será de vez, não voltarei a ser aluno do Instituto Gregoriano de Lisboa. Saí porque, em primeiro lugar, não tenho um horário compatível com a faculdade. Além disso, teria mais de 40 horas semanais de aulas, sem contar com o tempo que preciso para estudar, o que é impraticável. Aproveitei também para tirar um peso das costas e contar aos meus colegas e amigos o que alguns poucos já sabiam: que não estou no Técnico.
Não sou aluno de Matemática, não estou no Instituto Superior Técnico. Este é já o 2º ano em que estou no curso de Ciências Musicais, na Universidade Nova de Lisboa, e a razão para ter mantido isto em segredo até agora e ter vivido uma vida dupla, permanentemente a calcular o que vou dizer para evitar falar do meu verdadeiro curso a quem possa contactar com o IGL e com os seus alunos, é um imbecil artigo do Regulamento Interno que proíbe os alunos de frequentarem cursos superiores de música e continuarem, simultaneamente, a ser alunos do Instituto. É importante notar que esta "vida dupla" nunca se prendeu com qualquer falta de confiança em relação aos meus colegas; foi uma tentativa de minimizar as conversas que pudessem haver em torno do assunto e que pudessem chegar aos ouvidos de professores que me pudessem prejudicar. É, pelo que sei, a única escola de música que proíbe tal coisa, numa deliberada manobra para cortar as asas aos alunos de música que, já por si, são prejudicados à partida pela própria natureza desta área em termos de emprego - assim, reduzem-se ainda mais as possibilidades de formação para alunos na área da música. Não tem, a meu ver, qualquer lógica; o Goethe-Institut não proíbe um aluno de frequentar o GI e uma licenciatura em Línguas e Literaturas Germânicas ao mesmo tempo, nem um clube de atletismo impede que um atleta continue a fazer parte do clube mesmo que seja aluno da Faculdade de Motricidade Humana... Onde está a lógica? Num país que, já por si, não é o ideal para desenvolver uma carreira na área da música, principalmente estando Portugal a atravessar a actual crise no ensino vocacional, esta é uma das maneiras que se vão arranjando para fazer com que não existam mais gerações de músicos em Portugal. Porque, afinal, como dizia a ministra da (des)educação, a nossa querida e adorada Milu, "músicos podem ir buscar-se ao estrangeiro"...
Quanto à minha saída do IGL, custou-me bastante assinar aquele papel, e não consegui evitar uma lágrima quando saí e olhei para trás, para a placa dourada que, em letras pretas, diz Instituto Gregoriano de Lisboa...
Mas a vida é para levar a sorrir, e isto não foi o fim do mundo. Afinal, todos acabamos por sair mais tarde ou mais cedo! E, numa era da informação e da comunicação como aquela em que vivemos, só por desleixo e pura estupidez se perde o contacto com as pessoas! Fica assim a promessa aos amigos que fiz nestes apenas 3 anos (parece uma vida!), que me apoiaram e estiveram lá para mim mesmo depois de lhes ter falhado em alguns momentos, de que não me vou esquecer deles, do IGL e dos momentos que passámos dentro e fora daquelas quatro paredes.
Mas como a música é alegria, saio do IGL de cabeça levantada, orgulhoso de ter pertencido à família do Gregoriano. E saio deste post com um vídeo, sobre música, com humor. Um pianista e um violinista (what a fuckin' irony, huh?) num dueto humorístico... A tocar uma música que todos conhecemos (and which turns out to be a double fuckin' irony!)...


domingo, setembro 14, 2008

 

Mamma mia!

Mamma mia (homenagem ao Jorge Matta), mas que Domingo! Já tinha saudades de um dia assim!
Acordar tarde, sozinho em casa... 11h50 + 20 minutos de ronha. Almoçar.
À tarde, ler um bocado, ver um bocado de um filme na televisão, levantar-me do sofá e dizer "vou passear à Baixa". Ler no comboio, tomar um café, deliciar-me com o sol da Baixa de Lisboa... Entretanto, encontro por total acaso uma amiga a deambular pela Rua Augusta. Troca de palavras sobre as férias, o ano que aí vem, e um convite para ir com ela ver um concerto no Terreiro do Paço, de música folk rock, por um grupo chamado Uxukalhos. Concerto esse que provocou as melhores frases do dia:

[observando um dos músicos a tocar um aerofone não identificado]
Catarina: Havemos de perguntar à Adriana Latino que instrumento é aquele...
[passado um bocado...]
João: É um cromorne.
Catarina: Quem?

[a apreciar o espectáculo dado por um velho maluco que dançava semi-nu]
André: Olha, ele vai vestir a t-shirt.
Catarina: Ohh...
André e João: O quê?!?

[a fazer planos para depois do concerto]
André: Catarina... Queres comer uma porra?
[explicação: uma roulotte no Terreiro do Paço tinha um letreiro que dizia "Prove as nossas especialidades: Farturas e Porras"]

Mas aquela do cromorne... Quem? Realmente... São mesmo coisas à tu!
Ainda tempo para observar um senhor muito estranho que se encontrava ao nosso lado a ver o concerto... Que usava sandálias e, debaixo do pé, tinha uma nota de 10€... Se calhar era muito rico e, em vez de usar palmilhas, decidiu usar umas notitas! Euromilhões: a criar excêntricos todas as semanas...
Depois... O regresso a casa, ainda a beber o sol que baixava no céu, por detrás dos prédios da Baixa, deixando aquela névoa quente de luz lisboeta nas ruas... O jantar e, à noite, uma ida ao cinema: "Mamma Mia!"
Resumindo, o dia foi engraçado... Um Domingo bem passado... And quite a sunny day!
Para não ser perfeito, só mesmo o facto de a minha gata decidir partir um vaso quando cheguei a casa...

 

Música Electroacústica e Sound Design

Foi na 5ª feira passada que terminei o curso de Música Electroacústica e Sound Design, na Escola de Verão da FCSH-UNL, com o Prof. Jaime Reis. Foram 4 noites de curso intensas, em que deu para ficar com uma noção geral do que é a música electroacústica e dos processos através dos quais é criada. O curso terminou com um concerto final em que se apresentaram os projectos que desenvolvemos nestes 4 dias. No meu caso, a peça que apresentei foi inspirada em "Le Port d'Amsterdam", de Jacques Brel, chama-se "Amsterdão19" e pretende retratar o porto de Amsterdão à noite, no final do séc. XIX, com os marinheiros a beber e a dançar, a conviver com as prostitutas, as brigas, os ventos da noite que gelam as gargantas, as garrafas que se entornam e se partem e com que se brindam dentro de um bar, os gritos e as gargalhadas...
Fica a peça para ouvirem aqui na barra lateral (aconselho o uso de headphones ou de colunas relativamente afastadas uma da outra, para melhor perceberem as variações de panorâmica das faixas) e uma fotografia de curso:

quarta-feira, setembro 10, 2008

 

Estreia como "compositor"

Tempo para um post muito rápido antes de voltar ao trabalho: como alguns de vocês sabem, estou a fazer um curso de Música Electroacústica e Sound Design com o Prof. Jaime Reis, na Escola de Verão da FCSH-UNL. O curso termina amanhã, 5ª feira, dia 11 de Setembro, com um concerto de música electroacústica onde serão apresentadas as peças elaboradas pelos alunos ao longo do curso. Assim lanço o convite para assistirem à minha estreia como "compositor" (entre MUITAS aspas), com uma peça electroacústica, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, na Av. de Berna, às 22h30. Não sei ainda qual a sala do concerto (será num dos auditórios, de certeza...), mas amanhã poderei colocar mais pormenores no nick do MSN ou aqui no blog. Para os que não estiverem ocupados a tomar aviões de assalto amanhã à noite, fica assim feito o convite para assistirem ao concerto. Para os que, por razões profissionais, tiverem impreterivelmente de roubar um avião às 22h30 de amanhã e fazê-lo colidir com uma qualquer torre, há muitas em Lisboa: tentem não escolher a Torre B da FCSH...

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